sábado, 15 de janeiro de 2011

ALIENÍGENA CONSCIENTE

Desde muito tempo atrás não me preocupo em saber se existe vida fora da terra ou se já existiu, não tenho muita curiosidade em saber de onde viemos ou para onde iremos, já que tudo é mensurado em zilhões de anos e pelo que vejo da saga da espécie humana sobre a terra, não ficaremos por aqui muito tempo a ponto de deixarmos vestígios palpáveis. Mas a pergunta tem procedência e muitos desejam saber a resposta e acho que posso mostrar as evidências de sua existência.

Vivemos num planeta que está em constate mutação, pelo que sabemos de sua idade é qualquer coisa maior do que podemos pensar em termos quantitativos, já que nos atemos a períodos de tempo terrestres e vivemos em média (e estou sendo bem generosa) 80 anos, isso coloca todas as pessoas de 40 anos na meia idade, ainda que não admitam afinal quantas pessoas de 100 anos conhecemos para dizermos que a meia idade é aos 50?

Seguindo o raciocínio, todas as espécies excluindo a nossa tendem a se adaptar ao meio em que vivem utilizando para isso o ambiente disponível, não tentam mudar o aspecto geográfico ainda que tenham recursos físicos para isso. Marcam seus territórios da forma que melhor lhes convém, seja utilizando a força física ou simplesmente urinando num lugar próximo, ali ficam delimitadas as suas fronteiras e quem for minimamente inteligente não as ultrapassará para ver o que tem no outro lado, certamente não será quilo que espera!

Tem camadas sociais distintas, hierárquicas devidamente posicionadas e não fazem eleições para isso, na maior parte das vezes prevalece o porte do macho Alpha ou faixa por idade sendo do mais velho para o mais moço. Utilizam o que a natureza com toda a generosidade lhes proporciona e não guardam rancores, em alguns casos se alimentarem uns dos doutros, ou até da mesma espécie. Não procuram entender o incompreensível, nem fazem planos para o amanhã, não tem posses materiais significativas que possam retardar as migrações, nem certificados de propriedade que precisem ser renovados.

Enfim, nunca pensamos que algumas espécies estão sobre a superfície da terra por tantos milhões de anos que jamais teremos, com a sua simplicidade de vida. Nascemos declaradamente no paraíso em toda a sua pluralidade de concepção de vida, e estamos a qualquer custo tentando transformá-lo numa coisa que não queremos, apenas para satisfazer nossos interesses econômicos. Não nos propomos em viver em harmonia como as outras espécies e caminhar no mesmo sentido, temos a necessidade urgente de dominação completa e irrestrita, subjugar tudo e todos à nossa vontade absoluta.

Então nos perguntamos quem é o verdadeiro alienígena? Procuramos tanto lá fora e não o reconhecemos diante de nossos olhos quando nos defrontamos com a própria imagem no espelho. Com isso, tenho a certeza de não estarmos adaptados e como tal somos um corpo estranho inserido propositalmente num tubo de ensaio para reagir ao ambiente. Somos adaptáveis sim e de forma incomparável, mas isso não nos torna parte integrante deste ambiente, assim como a necessidade de evolução não precisa ser antecipada e muito menos predatória.

Vislumbro tempos difíceis num futuro próximo, da forma como tratamos o planeta, as outras espécies e a nós mesmos. O fim será inevitavelmente seja pela intolerância religiosa, a falta de recursos hídricos, ou simplesmente um louco que apertará o botão “errado”. E aqui estamos nós, preocupados em observar estrelas, hoje para nós inalcançáveis, especulando se na possibilidade de um primeiro contato seriamos dominantes ou dominados. A verdade é que não faz nenhuma diferença enquanto não entendermos a mão para quem está ao nosso lado implorando ajuda e fazemos de conta que não os vemos assim como se fossem alienígenas que sabemos que existem, mas não temos como provar.

Ana Paula de Carvalho, Um Alienígena Consciente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário