quarta-feira, 17 de agosto de 2011

VAMOS AO TEATRO?

Hoje é dia 17 de Agosto, o céu está azul e o vento sopra brando sobre as ondas do mar, sinto o cheiro da acre maresia e percebo a mudança da maré através do fino orvalho que se instalou na calada da noite sobre a areia e folhagens costeiras. As crianças estão indo para a escola, céleres de encontrarem os amigos após o feriado de segunda feira, dia da padroeira da cidade, á qual rezei com muito fervor que iluminasse nossos caminhos e mostrasse para as pessoas o quanto precisamos de dias melhores para que a nossa vida floresça e venha a rejuvenescer nosso corpo, que a cada dia fica mais castigado pelas lutas inglórias de descaso e opressão.
Preparo-me para ir á cidade e ocupar um lugar discreto na câmara, para ouvir de forma dissimulada mais uma vez o derradeiro NÃO nas mãos dos vereadores que passaram as últimas semanas discutindo em restaurantes e na porta de botequins a melhor forma de enganar esta população, numa votação em que ao final aqueles que votarem a favor da moção popular ainda possam ser aclamados como heróis do povo, por terem a “dignidade” e “coragem” de votarem a favor do impedimento do prefeito. Nada disto será verdade, pois sabemos que os nomes já foram sorteados no chapéu e a votação será como antes 7 a 4 e ao final ainda deverei ter que ouvir que este ato não procede por ter sido impetrada por um agente deste ou de outro partido, caracterizando assim uma perseguição política sabidamente inexistente.

Quero muito que as coisas mudem e que possamos olhar num horizonte visível e enxergar uma nova cidade, quem sabe outro país que não tenha no seio da sua cultura apenas a ganância de corromper e ser corrompido, porém quando vejo que nem mesmo a população local sai do conforto de suas casas para protestar, fico com a impressão que aceitam pacificamente que não tenham hospitais dignos, nem pensem em dar uma educação melhor para os seus filhos, e segurança para a família, conforme lhes garante a constituição. Lamento que seja um povo tão indolente, que não lute nem mesmo para que seus filhos não passem a necessidade que hoje lhes é imposta, não têm a garra necessária para poder subir numa mesa e orar para os seus semelhantes e dizer que simplesmente não aceitam passar por esta vida de forma tão medíocre!

Assim mesmo irei ao Teatro de Fantoches, porque me recuso a ser conduzida como mais uma rés nesta imensidão de pessoas, tocadas como gado dia após dia ao som do assobio dos coronéis e seus vaqueiros. Vou lá para impor a minha presença e olhar um por um votando com a cara mais “lavada” do mundo e “acreditando piamente” estar fazendo aquilo que é o mais correto para a comunidade e a nação, mesmo contra a vontade popular. Não existem mais heróis na história brasileira, ficaram nos livros e numa memória que agora tende a ser esquecida, pois nem faz parte mais do nosso dia a dia, em breve só nos lembraremos de continuar olhando o nosso umbigo, quintal ou jardim como já vem sendo feito nas últimas décadas.

Após a votação, em algum lugar acontecerá novamente um churrasco regado a muita propina, carne e cerveja, este é o Brasil que você está construindo, pois você que quer apenas saber das novidades, mas não luta, não sai ás ruas nem se expõe, aceita ser mais um no rebanho caminhado para o abate! E Viva o brasil!



Ana Paula de Carvalho, Brasileira, membro do Movimento LUTO por Maricá e nunca desisto!

PS: com este texto espero 2 coisas: 1º que este não se realize e seja obrigada a me retratar e 2º que seja motivo para que nossos fantoches mudem suas estratégias, assim como tenha maior participação popular.



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