domingo, 17 de julho de 2011

MARICÁ NA FOLHA DE SÃO PAULO

Dirceu instala aliados em cidade em expansão no RJ
Abastecido por R$ 48 milhões anuais em royalties do petróleo, o município de Maricá se transformou em base do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) no Estado do Rio, informa reportagem de Marco Antônio Martins publicada na Folha deste domingo.

Dois afilhados políticos dele ocupam postos-chave da prefeitura, sob gestão do petista Washington Luiz Cardoso Siqueira, o Quaquá.

A Folha apurou que Dirceu frequenta a cidade desde a eleição municipal de 2008 e indicou os dois aliados. O prefeito nega a influência do ex-ministro em seu secretariado.

Um dos secretários próximos a Dirceu é Marcelo Sereno (Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Petróleo), que chefiou seu gabinete na Casa Civil.

Ele foi investigado na CPI dos Bingos e se afastou da Executiva do PT durante o escândalo do mensalão, em 2005. Ganhou o cargo em Maricá em novembro passado, após ser derrotado numa campanha para deputado com forte apoio de Dirceu.




A outra secretária é Maria Helena Alves Oliveira (Fazenda), que já havia chefiado a mesma pasta em Manaus (AM) e Nova Iguaçu (RJ) por indicação do líder petista.
Quaquá diz que a missão de Sereno é atrair empresas para o polo industrial naval que pretende montar, mas afirma que ele não influencia a destinação dos royalties.
"A secretaria do Marcelo Sereno não tem verba. Ele tem a missão de trazer empresas para a cidade. Tem experiência e conhecimento para isso", diz o prefeito.
Com cerca de 120 mil habitantes, Maricá (a cerca de 50 quilômetros do Rio) tem apenas 20% das casas com água encanada, mas é vista por políticos fluminenses como um "investimento futuro".

LUCROS A cidade vive um boom de crescimento impulsionada pela indústria do petróleo, que atraiu empreendimentos imobiliários, shoppings e centros comerciais. Em cinco anos, a população dobrou.
Atualmente, é o 12º município que mais arrecada royalties no Estado. Com o campo de Lula, no pré-sal, o valor deve dobrar até 2015.
O grupo que administra Maricá "vende" aos investidores a proximidade da cidade com o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio), que está sendo construído no município vizinho de Itaboraí.
"Tenho passado mais tempo em São Paulo e na Bahia do que em Maricá.
Meu trabalho e o de Marcelo Sereno junto a empresários tem sido importante para atrair esses grupos ao município. Os contatos em Brasília são importantes", afirma Quaquá.
"Queremos ser o lugar escolhido por empresários e executivos do Comperj para morar", diz o secretário de Ambiente e Urbanismo da cidade, Celso Cabral Nunes.
Este ano, o grupo Alphaville lançou o empreendimento imobiliário Terras Alpha, com quase 400 mil metros quadrados de área. Todos os 399 lotes, com preços entre R$ 90 mil e R$ 140 mil, foram vendidos em duas horas.
Apesar da prosperidade econômica, a cidade sofre com muitas ruas sem asfalto e tem várias obras paradas.
"Andamos no meio da poeira ou na lama. Vivemos num lugar sem iluminação e desde as chuvas de 2010 os carros não conseguem passar aqui", conta a comerciante Maria das Graças Rosa, 50.

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